segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Vovô João

Lembro de quando eu tinha 4, 5 aninhos e ía passar o dia na casa da vovó Sônia e vovô João, da cozinha eu escutava o som encantador do vovô tocando violino do quarto dele, eu ía correndo pra lá, sentava na frente dele e ficava só o admirando tocar, era tão lindo, ele tocava os antigos e lindos hinos da harpa cristã e fechava os olhos sorrindo, era tão lindo. Vim embora pra a cidade onde moro atualmente e fiquei mais longe do vovô, o cara que eu admirava, mas ele sempre vinha nos visitar.
Uma certa vez, nós fomos passear numa praça grande que tem aqui e lembro que nessa época eu adorava fazer xuxinhas no cabelo do vovô, aqueles cabelos branquinhos, lisinhos, eu tirava as xuxinhas do meu cabelo e fazia penteados nele, nós estávamos no banco da praça lá, um monte de gente passando e vendo o vovô cheio de xuxinhas no cabelo, ele não tava nem aí pro que íam rir, ele estava agradando a netinha dele.
Depois que vim embora, cada vez menos passamos tempos juntos, cada vez menos eu o ouvia tocar seus instrumentos de sopro e corda, coisa que eu amava fazer.


Com uns 7 aninhos eu disse ao vovô que quando eu crescesse eu queria tocar violino igual a ele, então ele disse que eu tinha que crescer e ter a idade certa pra tocar violino. Então o tempo passou, e um dia quando eu tinha 11 anos o vovô me fez uma surpresa, ele me deu o violino dele! O dele! O violino que ele tocava, que eu admirava! Eu nem acreditei ...
Custou pra eu conseguir alguém aqui na cidade pra me dar aulas de partitura e violino, quando encontrei e estava inicializando as aulas de partitura, o vovô faleceu. Numa sexta-feira atendi o telefone, e era a titia com voz tremula pedindo pra falar com minha mãe, fiquei perto pra ouvir alguma coisa porque o vovô estava internado e eu queria noticias, foi quando eu ouvi minha mãe falar: "Quando vai ser o velório?" Eu entendi tudo, ele tinha falecido, o vovô João que eu amava tanto havia falecido.
Pra mim foi um choque, me joguei na minha cama, eu chorei litros, esperneei, fiquei com raiva dos médicos, não queria ver ninguém, não tive coragem de ir no velório e enterro dele. Mas o meu pai me falou que ele estava sorrindo, e o meu consolo é saber que ele está descansando com o Pai. Doeu demais pra mim, saber que eu nunca mais veria o vovô tocando e sorrindo com os olhinhos fechados. E toda vez que eu falo dele eu choro, como estou chorando agora. Não tem como falar do vovô e não sentir a dor da falta que ele me faz.
Eu parei de fazer aulas de partitura, abandonei o violino, porque não tinha sentido eu continuar aprendendo, ele não ía me ver tocar, ele não ía ver a netinha dele tocando violino igual a ele.
Muita gente já me pediu pra voltar a fazer as aulas, e aprender violino, mas eu não consigo mais, não dá pra mim; Mas o violino está aqui no meu quarto, uma parte do vovô pertinho de mim todo dia, não dou, não troco e nem vendo, já me ofereceram valores por ele, mas o valor que ele tem pra mim não se iguala a nenhum dólar, euro, real, não se iguala a nada.

O que me conforta é saber onde ele está agora, ele está descansando, Deus sabe o que faz. Não procuro entender e sim aceitar o que Ele faz.

"Quero me lembrar de você, como alguém que sempre ousou sonhar e acreditar nos sonhos de Deus. Quero me lembrar dos verões, quero me lembrar das canções e das lições que me ensinou. Se eu pudesse voltaria atrás de beijaria muito mais, Vô eu ouviria mais os seus conselhos. Sinto tanta falta do teu cheiro, de acariciar os seus cabelos, mas aprouve a Deus te colher. Minha esperança é que na eternidade eu vou te ver.
Na eternidade, sem sentir saudade, vamos adorar a Deus, vamos adorar a Deus. Na eternidade com os meus amados, do jeito que eu sempre quis, do jeito que eu sempre quis. Porque lá no céu toda hora é hora de ser feliz."
Bruna Karla - Na eternidade

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